Sabedorias de Lewis


"Não se pode "ver o que está por trás" das coisas para sempre. Todo o propósito que existe em ver o que está por trás de alguma coisa reside justamente nisso: em ver, através dessa coisa, um objeto real. É bom que a janela seja translúcida, justamente porque a rua ou o jardim além dela são opacos. E se também fosse possível ver através do jardim? Não há nenhuma utilidade em tentar "enxergar o que está por trás" dos primeiros princípios. Se você "enxergar o que está por trás" de todas as coisas sem exceção, então tudo se tornará transparente para você. Mas um mundo completamente transparente é um mundo invisível. "Ver o que está por trás" de todas as coisas é o mesmo que não ver nada."by C. S. Lewis, em 'A Abolição do Homem' (1943)

O que eu vejo...


Tumultuo. Compra passagem, pega o troco, corre, pula na fila se espreme e ufa, consegue o ultimo lugar, aquele lateral que geralmente ninguém quer... Eu disse geralmente, pois no meu caso eu prefiro o lugar lateral a ir em pé.

Esta sempre é a realidade da minha volta conturbada no ônibus semi-urbano de Anápolis a Goiânia. Andar de ônibus é um ato reflexivo, por ora filosófico. Acreditem minha vida sofre bruscas mudanças neste percurso.

Ao sentar-me na habitual poltrona indesejada por muitos, posso ter a visão de muitas coisas. Hoje observei uma jovem senhora segurando o choro de todas as formas possíveis. Aquele olhar marejado revelava cansaço de uma mulher que estava desistindo de tudo, mas precisava ser forte, não que ela quisesse, era necessidade: ela havia ganhado um presente, uma menina linda, que sorria, tal ato segurava aquelas lágrimas, fazia a mulher precisar agüentar a dor e seguir.

Tal fato me fez lembrar de outra mulher que vi no ônibus há alguns meses atrás... Ela segurava uma caixa de presentes que lhe fora dada em promessa de uma grande surpresa e esta só poderia abrir em casa, dado o suspense... Mas como ela estava curiosa resolveu averiguar tal encomenda. Duas blusas e uma carta, cuidadosamente dobrada.

Esta mulher animadamente abria a carta e logo começava a lê-la. Em instantes as feições dela transformaram-se e muitas lágrimas correram. Parece estranho, mas aquela mulher não se constrangia em chorar. Ela recebeu um presente e este a estimulou a não ser forte, a expurgar suas dores, sua desistência...

No dia a observei e a achei estranha... Como alguém pode se expor de tal forma. Fiquei ouvindo de longe suas queixas a quem estava ao lado. Sinceramente não entendi!

Mas hoje, ao ver essa mulher segurando as lágrimas, me veio à memória aquela outra mulher de alguns meses atrás. As duas tiveram a mesma atitude, só transformaram os contextos.

Uma delas observou que para seguir era preciso agüentar, pois ela recebera um presente de fortaleza, já a outra observou que era preciso se desfazer daquele presente que a fazia frágil, era preciso se fragilizar para fortalecer-se.

Elas conseguiram, simplesmente seguiram... Uma com o presente e a outra desprovida de verdades, encontrando em si mesma a força que ela precisou achar na dor.

Essas são as lições que aprendo como expectadora de um ônibus semi-urbano, da poltrona que ninguém quer usar...



Tudo é Photoshop...


Barbie cinquenta anos...

Asas



Perninhas curtas, andar apressado, olhos bem abertos que denotam aquela curiosidade típica de quem quer descobrir o mundo. Ela entrou naquela sala, mas não sabia por qual porta entrar, qual janela abrir. Foi então que em meio a almofadas coloridas ela escolheu abrir uma porta brilhante e se deparou com um menino espoleta que adorava trocar o nome das coisas. Seu nome: Marcelo Marmelo Martelo.

Para Marcelo as coisas deveriam ser chamadas por adjetivos que realmente lhe fizessem sentido, por exemplo, se a cadeira é o lugar de sentar deveria chamar-se sentador, o travesseiro de cabeceiro, a colherinha de mexer o café era o mexedor, o leite logo se transformou no suco de vaca que consecutivamente ficava dentro do suco da vaqueira.

E Marcelo logo segurou nas mãos da menina e começou a mostrar-lhe seu mundo brilhante de peraltices tão bem arquitetadas que esta só sabia ter uma atitude: rir. Ela ria com gosto, ria alto, ria de rolar, ria do Marcelo e com o Marcelo.

Até que a menina ouviu um som distante: Pare de rir Maria Amélia, você está atrapalhando seus coleginhas a lerem o livro deles. Por favor, faça silêncio! Tarde demais, o Marcelo já tinha fisgado a menina para o mundo dele e ela nunca mais quis sair daquela sala com a porta brilhosa e as almofadas coloridas, que mais tarde ela descobriu ser uma biblioteca.

Feliz dia do leitor!



PS: Marcelo Marmelo Martelo é um livro da escritora Ruth Rocha e é considerado uma das obras primas da literatura infanto-juvenil. Se você quer conhecer melhor o Marcelo acesse:http://www.scribd.com/doc/5308703/Marcelo-Marmelo-Martelo-Ruth-Rocha

Feliz ano novo!


Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
(Mário Quintana)
FELIZ 2010 DE MUITAS ALEGRIAS!