Vou desabafar



Hoje tenho como convidado especial meu amigo Renato Joseph, uma pessoa especialíssima issima issima. Os deixo em companhia deste meu amigo, parceiro da jornada jornalística e menino muito talentoso.


Recentemente, uma de nossas professoras do curso de jornalismo discorreu uma aula inteira sua indignação contra os alunos. Ela se queixava da falta de qualidade das aulas porque os textos propostos para discussão e complemento da matéria nunca são lidos pelos alunos, eles nem se quer sabem o titulo, autor ou onde o texto se encontra disponível para cópia. O tempo em sala de aula se torna uma eternidade, em que a voz da professora é a única coisa que se ouve, e os alunos dormem enquanto esperam a chamada. Afinal, essa vilã da galera também reprova.Naquele mesmo dia em Brasília, dirigentes de sindicatos de jornalistas do país inteiro, estudantes de jornalismo, carregavam faixas, cartazes e faziam um enorme barulho na frente do prédio do Supremo Tribunal Federal. Motivo? Chamar atenção de ministros e sociedade para a importância de que o exercício da profissão de jornalismo seja feito por jornalistas “qualificados”. O impulso para tal alvoroço foi à exigência da formação superior para o exercício da profissão de jornalista, ameaçado por um recurso extraordinário do ministério público federal que questiona a regulamentação profissional dos jornalistas.O que quero dizer com tudo isso é que defendo o questionamento do Supremo Tribunal Federal. Explico. Tenho visto de perto, mas especificamente ao meu lado, cadeiras simplesmente preenchidas, com indivíduos que na altura do campeonato não sabem ou não descobriram o que fazem ali. E passam o tempo discorrendo sobre agendas baladescas, dormindo à espera da vilã, ela, a chamada, e não compreendendo o sentido da profissão e eu vendo isso, tenho perdido o chão, a ponto de ser invadido pela cegueira coletiva. Superficialidade é a definição dos meus vizinhos de cadeira, futuros “profissionais”, queridos do bloco B.A sala, as cadeiras e os alunos, tem um essencial significado para mim. É momento de discussão sobre o que se tem feito fora das Universidades. Refiro-me as produções jornalísticas, e pensar de quais maneiras podemos fazer diferente, fazer melhor, embora não é o que acontece. É esse o valor do curso, discutir fazer melhor, porque técnica qualquer um aprende, e jornalismo é mais que técnica, é um dom. Um problema das universidades particulares? Do tipo, papai paga e por isso estou aqui?. Pode ser, mas bem próximo de mim existem claras exceções, que fazem valer esse assalto católico e que me fazem sonhar com a ilusão de que jornalista qualificado é aquele que está na universidade ou formou-se nela.Poxa basta abrir a ultima edição da revista Biblioteca Entre Livros, com o titulo “Jornalismo X literatura”, que vamos refletir melhor sobre tudo isso. Os grandes cronistas, nunca entraram em uma faculdade de comunicação, são escritores, poetas e teatrólogos que migram para o jornalismo. Porque crônica não é apenas um gênero jornalístico é também literatura, e para escrevê-la, não é necessário dominar a droga do LEAD ou saber fazer uma infografia ou videografia, mas é necessária, carga literária. Viram só o Santiago Nazarian, ótimo romancista e não jornalista dando sopa nas páginas da folha de São Paulo? E o Diogo Mainardi nas paginas da revista Veja? Eles são tantos.Não quero levantar a bandeira contra a legalização do diploma. Afinal, sou estudante de jornalismo, e toda essa história também me compromete. Quero que meus queridos companheiros de curso acordem para algo grave. Depende de nós, temos parte nisso tudo, também é da sala de aula que vem a credibilidade do curso e consequentemente da profissão.



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