Pais Solteiros em Goiás




Sempre que a palavra família vem em mente, logo é feita uma associação de “papai, mamãe e filhinhos” juntos. A sociedade conservadora preza este conceito “tradicional” e quando surgem distorções de tal modelo(como os pais solteiros), os envolvidos são menosprezados e rebaixados.

A paternidade independente (ou seja, homens que tiveram filhos solteiros) ainda é um tabu e os focos de luz da sociedade voltam-se inteiramente para as mães solteiras. O S.U.S não dispõe de projetos assistenciais aos pais solteiros, nem o IBGE conta com dados sobre estes; como reflexo de tal fator há um número quase inexistente de pesquisas sobre este tema.

A vida sexual dos jovens inicia-se cada vez mais cedo, segundo a pesquisa das sociólogas Mirian Abramovay e Mary García, 66,5% dos jovens brasileiros tem a primeira experiência sexual até os 16 anos. As informações são ínfimas , porém ainda há um grande número de gravidez indesejada. No estado de Goiás a média de idade dos rapazes solteiros que mantiveram uma relação sexual resultando na concepção de um filho é de aproximadamente 23 anos.

A psicóloga Núbia Kássia afirma que a faixa etária dos 15 aos 23 anos os hormônios masculinos estão á flor da pele, mas os homens não se cuidam, interessam-se apenas pelo sexo sem observar as conseqüências que este poderá ocasionar consecutivamente.

Quando um jovem tem uma vida social intensa, freqüentando bares, festas, churrascos e toda a liberdade de um homem solteiro, descobre que a parceira está grávida há um grande choque. O estudante Carlos de 25 anos é um deles. “Eu era solteiro, tinha 20 anos, vivia toda a liberdade, quando soube que minha ex estava grávida, vi meu mundo cair”, afirma.

maioria dos homens que tornam-se pais solteiros desenvolvem um amadurecimento que se forma através das responsabilidades advindas da paternidade, transformando diversas coisas em seu comportamento desde a escolha de novas parceiras á vida profissional.

O goianiense Júnior de 24 anos afirma: “Sou outra pessoa após o nascimento do Pedro, amadureci muito. Minha vida gira em torno dele expandi minha empresa em função dele”. Este discurso vem contradizer ao da assistente social Ana Maria que enuncia “um filho não muda nada na vida de um pai solteiro, só muda quando ele tem que pagar pensão alimentícia”.

A questão da pensão é relativa, pois a maioria dos pais não possui uma renda fixa, e alguns ainda dependem exclusivamente da família.

Mas, não só de pensão sobrevive a relação entre pais solteiros (pai e mãe) e seus filhos, segundo a socióloga Maria Dalva Andrade, a responsabilidade entre os pais tem que ser igual, mesmo separados, e que cada momento com o filho tem que ser dedicado inteiramente a ele, dando todo apoio participando de sua vida, fazendo brincadeiras e cuidando de sua educação. Na medida do crescimento desta criança por si só ele percebe que os pais não dão certos juntos, mas que podem viver bem separados, sendo um fator que possibilita que o filho seja criado com amor. “Não há nenhum problema, podendo ser ate mais interessante a criança dispor de dois espaços, sendo maleável a ponto de dizer: ‘hoje vou para casa do meu pai, encontro com pessoas diferentes, que são outras pessoas diferentes da casa da minha mãe’ ” ressalta.

Com a ausência, alguns pais tentam supri-la com presentes para preencher a carência do amor paterno. Erich de 32 anos salienta: “Com a chegada do meu filho, tive um amadurecimento pessoal, uma responsabilidade maior, que acaba acontecendo sem ninguém forçar nada, foi o que senti, e quando estamos juntos acabo pecando em fazer todas as vontades dele .”

A psicóloga Núbia ressalta “muitas vezes os pais estão nutrindo a criança com coisas materiais e não com o que realmente ela precisa que é desenvolver-se no afeto”.

Para justificar suas ausências alguns utilizam-se de argumentos como o do pai solteiro Siufarney de 33 anos, “Não sou um pai presente, pois viajo muito, mas aonde eu vou levo meu filho em meu coração”.

A relação torna-se mais complicada quando o pai tem um novo relacionamento; Erich conta que no início do namoro com sua atual noiva, tanto o filho como esta, não se adaptaram prontamente, mas com o tempo ambos criaram afinidades e atualmente convivem bem.

Ao contrário do proferido pela sociedade, o pai solteiro nem sempre é relapso, segundo o pediatra Benedito de Assis , quando um homem assume a responsabilidade de cuidar e educar um filho, o faz com afinco, ao contrário de algumas mães que realizam tal função apenas por sua condição biológica obriga-la a fazê-lo.

Quando um homem assume a criação de um filho sozinho, ele geralmente conta com o apoio da família, principalmente de sua mãe, que exerce grande influência na formação da criança.

Quando questionados sobre o futuro de seus filhos, a maioria dos pais solteiros desejam uma condição social superior á sua, como afirma Gilberto de 30 anos, “eu quero dar á minha filha um futuro melhor que o meu”, afirma.

A vida de um pai solteiro não é (na maioria dos casos) mais a fantasia e o conto de fadas de sua adolescência, é mais concreta e madura, exigindo prudência, para que os erros do passado não se repitam novamente.
OBS: Este texto é meu, da Márcia e da Camila e foi escrido no 1° semestre de 2007.

3 comentários:

Camila Di Assis disse...

E vale ressaltar que com ele ganhamos um prêmio ano passado!!

Maria disse...

kkkkkk
tem este detalheeee!!!!!!!!!

Unknown disse...

Meu nome é Ruan, trabalho como produtor em uma tv.
Estou muito agradecido por essas informações, que vem a complementar minha próxima produção.
Obrigado, e contiuem fazendo mais textos com essa qualidade.