Alegria do Paraguai

Olha a alegria aí gente.
É baratinha.
Só 3 reau.
Compre aqui sua alegria!
É rápido e te custa pouco...
Olha a alegria!

Onde você adquire alegria?
Existe tanta felicidade baratinha, coisa pirata, não é lá uma Brastemp, mas, atraído pela facilidade você acaba pagando menos e consequentemente o produto que não é de boa qualidade acaba logo e rapidamente há a necessidade de correr para o próximo camelô comprar uma nova sensação baratinha e assim se desenvolve um círculo de pirataria da alegria...

Vivemos a era do instantâneo. Macarrão instantâneo. Cabelo instantâneo. Roupa instantânea. Amizade instantânea. Namoro instantâneo. Família instantânea. Amor instantâneo. Alegria instantânea. Dor consolidada.

Perdemos nossa identidade à procura da felicidade ideal. Queremos um sorriso nos lábios enquanto palavras doces são recitadas a nosso favor. Precisamos da posição social favorável, não importando as conseqüências dispensadas aos que impomos como subordinados de nossas vontades. Não importa como, pagamos por uma quantidade imensa de alegrias baratas que no final acabam nos custando caro demais.

Só sabe o preço de um sorriso sincero quem um dia chorou para obtê-lo. Já dizia minha avó, “o que vem fácil demais, vai embora da mesma forma”.
Ultimamente ando me questionando: quais são as piratarias que acoplei à minha vida? Chego cada dia mais à conclusão que cada vez que coloco minhas expectativas de felicidade em coisas transeuntes, eu me machuco. É uma lição que preciso carregar em mim: A alegria tem um preço a ser pago.

A dor passa, a gargalhada pirata também, mas a alegria moldada na dor, fundamentada na rocha verdadeira, esta subsiste e deixa rastros de eternidade na alma de quem faz a experiência dolorosa de ser feliz.



PS: Depois que já havia postado este texto, ouvi esta música e acredito que ela vem de encontro ao que escrevi...

1 comentários:

Camila Di Assis disse...

Pensamentos idênticos!!
Você tem razão!!!