Anatomia de uma dor- Parte I

Olá pessoas, estarei postando aqui no blog uma reportagem que fiz com o tema depressão. Por ser muito extensa dividirei em três postagens!
Beijos


“Ninguém me disse que o luto se parecia tanto com o medo. Não estou com medo, mas a sensação é a mesma. A mesma agitação no estômago, a mesma inquietação, o bocejo, a boca seca. Outras vezes é como estar ligeiramente embriagado, ou em estado de choque. Há uma espécie de véu entre o mundo e mim mesmo. Custa-me assimilar o que qualquer pessoa diz. Ou talvez, o difícil seja querer assimilar. Tudo é tão pouco interessante, no entanto quero que os outros estejam a meu redor. Tenho horror quando a casa está vazia. Ah, se eles conversassem uns com os outros e não comigo!”

(C.S Lewis)


Talvez, Clive Staples Lewis (C.S. Lewis), seja conhecido apenas por seus feitos literários e por sua contribuição intelectual no Século XX, porém, o autor das Crônicas de Nárnia, revelara uma particularidade sombria à maioria daqueles que acompanhavam suas obras e pensamentos: A depressão.

Lewis desenvolveu o processo de anedonia, ou seja, incapacidade de sentir prazer ao realizar atos que normalmente seriam agradáveis, após a morte de sua companheira Joy Davidman. Lewis contraiu matrimônio com Davidson aos 56 anos, quando esta se encontrava em estado terminal de câncer em uma enfermaria. Embora o escritor soubesse que se casava com uma mulher que estava morrendo, a perda do cônjuge lhe causara um processo de recolhimento no âmago de seu luto.

Assim como Lewis, muitas pessoas padecem do que fora denominado como o “mal do século”. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) no ano de 2020 a depressão será a maior causa de incapacidade no mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares (DCVs).

A OMS ainda aponta que 120 milhões de pessoas no mundo sofrem de transtornos depressivos, e 17% da população mundial adulta ainda terá depressão em algum momento de sua vida, em especial as mulheres, que têm o dobro de chances de desenvolverem este desarranjo. Para a psicóloga Ilma Golart, este fato ocorre, pois, a mulher é uma rede de relações internas, ou seja, ela precisa exercer bem diversos papéis sociais, além das mudanças neuroquímicas (resultante dos fatores hormonais).

Na sociedade advinda do modelo capitalista, a cobrança por metas monetárias nos ambientes trabalhistas gera processos como o assédio moral, ou seja, a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes durante sua jornada de trabalho. A maior conseqüência deste assédio, segundo a psicóloga Andréa Batista Magalhães, é a depressão acoplada a diversas doenças ocupacionais, transportando, portanto o indivíduo ao diagnóstico de depressivo.

Um depressivo apresenta um quadro clínico de insônia, ansiedade, pensamentos pessimistas, obsessão, apatia, desânimo, falta de vontade, palpitações, perda ou ganho de peso em excesso, falta de concentração, perda freqüente de memória, queixas físicas, prejuízos sociais e ocupacionais, dentre muitos outros, podendo variar de forma demasiada em cada caso.

A depressão é analisada por meio de diversas óticas científicas. As mais conhecidas são a visão médica e a psicológica, que contém distintas resoluções para a análise das causas da depressão e sua profilaxia.


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