voyager mayonnaise parte 2


Toda briga machuca. Se esta não atinge o nível de agressão externa, o interno é profundamente machucado, tornando por ora mais prejudicial (e profunda) esta última forma de insulto. Portanto a afirmação de que é possível brigar sem se machucar bastando soltar o corpo não condiz com a veracidade dos fatos, pois, quando se solta o corpo, perde-se o domínio do equilíbrio vital de si (essencial em uma briga), tornando-se mais susceptível à queda e por conseqüência machucando-se de forma brutal e inesperada.

O corpo envolvente nos processos de coerção acima citados é nomeado como “dimensão erótica” que é refutado pela “razão intelectualizada”. Segundo Marcus Minuzzi, tudo que é corpo a razão nega; via de regra conduzir a massa pelo corpo é mais fácil, ou seja, o denominado erótico é mais atrativo por sua superficialidade, desobrigando a sociedade de exercer seu papel de questionadora e pensante. Em poucas palavras, o erótico torna-se a anestesia da razão.

Adorno, Habermas e Horkheimer, pensadores da Escola de Frankfurt são ícones da “razão intelectualizada”, eles foram taxados de pessimistas com relação ao destino da humanidade, visto que eles realmente apresentam uma visão negativa sobre uma sociedade sustentada pela razão instrumental (dimensão erótica). Na sua concepção, a libertação e a autonomia humana dependem da transformação da razão que predomina na sociedade ocidental, ou seja, a solução consiste na conversão da razão instrumental em razão reflexiva e crítica. Essa é, segundo eles, a única maneira de superar a crise da racionalidade moderna.

A mulher para muitos é superficial, pois é a tradução do erótico, acusado pelos pensadores frankfurtianos. Porém, a mulher na sociedade é tratada como uma questão de “rótulos”. Simone de Beauvoir afirma que não se nasce mulher: torna-se. O que torna alguém mulher? Fora criada por uma sociedade machista uma estrutura para moldar e definir este termo. A mulher fora figurada para adquirir feições femininas segundo o conceito de feminilidade criado por homens. Portanto, a maior superficialidade é dos criadores do termo feminino na sociedade.

Em resumo, a sociedade é regida conforme as leis de um suserano supremo que cria as normas e costumes a serem seguidos e a verdade que lhe condiz. Tal verdade é refutada e questionada, pois não esta não é absoluta, gerando o processo de briga e afrontamento que por conseqüência deixa marcas e feridas. O corpo, que agride e é agredido é denominado como dimensão erótica, que é excluído do processo de criação da razão. Este corpo é equiparado à mulher, onde esta adquire o rótulo de superficial, o que é desmascarado pela imposição do papel “feminino” criado pelo homem, sendo, então, este o ser superficial. Portanto, o soberano pondera suas considerações criando e recriando seus conceitos de como deve ser vigorar a sociedade, esta erotizada ou não.

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