Doença dos pobres?


Doenças negligenciadas são doenças que prevalecem em condições de pobreza e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) afetam cerca de 1 bilhão de pessoas em 149 países do mundo, de forma silenciosa e propiciadora à manutenção nos quadros de desigualdade social.

O termo “doenças negligenciadas” nasceu em 1970, por um programa da Fundação Rockefeller e termo tem sido desde então utilizado para se referir a um conjunto de doenças causadas por agentes infecciosos e parasitários (vírus, bactérias, protozoários e helmintos) que são endêmicas em populações de baixa renda.

De acordo com o médico Roberson Guimarães, embora existam estudos para financiar pesquisas relacionadas a estas doenças, o conhecimento produzido não se reverte em avanços terapêuticos, como novos remédios, métodos de diagnósticos mais avançados e vacinas. “Essas doenças são típicas de população mais carente de países subdesenvolvidos, então a grande indústria famarmaceutica, não tem muito interesse em produzir produtos para atender esses doentes”, destaca.

Uma das metas do milênio da Organização das Nações Unidas (ONU) é o combate dessas enfermidades, que atingem principalmente a população marginalizada. No Brasil, existe a incidência de males como dengue, doença de Chagas, leishmaniose, malária, esquistossomose, hanseníase e tuberculose.

Em 2006, o governo lançou o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em Doenças Negligenciadas no Brasil, no âmbito da parceria do Ministério da Saúde com o Ministério da Ciência e Tecnologia e Secretaria de Vigilância em Saúde. Por meio de dados epidemiológicos, demográficos e o impacto da doença, foram definidas prioridades de atuação que compõem o programa em doenças negligenciadas.

Em fevereiro, o Ministério da Saúde lançou a liberação de R$ 25,9 milhões para ações de controle das doenças negligenciadas, para os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, com foco em ações de vigilância epidemiológica.

Para Roberson Guimarães, essa verba parece muito alta, mas não é, pois, quando se faz a distribuição regional, Goiás, por exemplo, receberá R$ 1 milhão para o estado inteiro atingindo principalmente as ações de vigilância e a distribuição foi maior para estados onde as situações de endemia são mais graves.


Saiba mais sobre as doenças negligenciadas:

DENGUE: A Dengue e a Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) são causadas por quatro sorotipos do vírus estreitamente relacionados com a família Flavivirus. A infecção é mais comum nas Américas e Ásia e em outras regiões tropicais e é transmitida ao homem pela picada de mosquitos infectados. Os sintomas incluem dores de cabeça, febre, dores nas juntas e músculos, e uma erupção cutânea característica.
CHAGAS: A doença de Chagas é encontrada apenas na América Latina. Foi nomeada por Carlos Chagas, um médico brasileiro quem primeiro descreveu a doença em 1909. Ele também descreveu o ciclo de vida do parasita, identificou os insetos que transmitem o parasita, os mamíferos de pequeno porte que atuam como hospedeiros e os meios sugeridos para auxiliar na prevenção e controle.

LEISHMANIOSE: Doença causada por protozoários parasitas do gênero Leishmania transmitida por meio da picada de certas espécies de flebotomíneos. Os sintomas da infecção incluem feridas na pele, febre, anemia e danos ao fígado e baço. A forma mais grave da doença, a leishmaniose visceral, ocorre quando os parasitas migram para os órgãos vitais do corpo. Atualmente, cerca de 90% dos casos de leishmaniose na América Latina ocorrem no Brasil.

MALÁRIA: A malária é considerada uma das mais graves infecções parasitárias da humanidade. Presente em 110 países do mundo, a malária ameaça metade da população mundial. A cada ano, 350-500 mil casos ocorrem em todo o mundo, principalmente no continente africano. Causada pelo parasita Plasmodium, a malária é transmitida de pessoa a pessoa através da picada de mosquitos Anopheles. Há quatro espécies de plasmodium, sendo que o P. falciparum é o mais agressivo.

ESQUISTOSOMOSE: A esquistossomose, também conhecida como bilharzíase ou "febre do caramujo", é uma doença parasitária, transmitida por caramujos infectados com uma das cinco variedades do parasita Schistosoma. A infecção tem ampla distribuição no hemisfério sul, com uma relativa baixa taxa de mortalidade, e alta morbidade, causando doença grave, debilitando milhões de pessoas ao redor do mundo.

TUBERCULOSE: Doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões, mas, também pode ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). É causado pelo Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). Outras espécies de micobactérias também podem causar a tuberculose. Aproximadamente um terço da população do mundo está infectada com o bacilo da tuberculose. A tuberculose é a principal causa de morte de pessoas que estão infectadas pelo HIV, devido ao enfraquecimento das defesas imunológicas.

HANSENÍASE: Doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que afeta os nervos e a pele e que provoca danos severos. O nome hanseníase é devido ao descobridor do microrganismo causador da doença Gerhard Hansen. É transmitida por gotículas de saliva. O bacilo é eliminado pelo aparelho respiratório da pessoa doente na forma de aerossol durante o ato de falar, espirrar ou tossir. É endêmica em certos países do hemisfério sul, em particular na Ásia. O Brasil inclui-se entre os países de alta endemicidade de hanseníase no mundo.

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