Quem nunca sofreu por amor?


“Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho prá falar” (Milton Nascimento- Travessia )


Eles se conheceram na escola, não era a intenção, mas se apaixonaram e resolveram se aventurar no mundo do amor. Ela foi para outro estado fazer medicina e ele ficou realizando o sonho de cursar jornalismo. O sentimento foi crescendo, as famílias ficaram amigas, o casal viajou várias vezes nas férias, resistiram à distância, amadureceram juntos, em fim, viveram momentos inesquecíveis.

Mas um dia as coisas pareceram não ter mais o sentido de antes. Perceberam que viviam metas diferentes, não estavam dispostos a mudar mais um pelo outro, queriam viver a vida de jovens, conviver com os amigos, sair sem ter hora pra voltar. Depois de refletir a por quase um ano, ele decidiu colocar um ponto final no relacionamento de três anos.

Ela chorou, ele também. Ele guarda há seis meses na estante um porta-retrato, com a foto dos dois. Já teve oportunidade de começar outros relacionamentos, mas alega que sempre procura as qualidades da ex, mesmo não querendo reatar. Ela ainda não conseguiu esquecer, mas está conhecendo outras pessoas.

Assim como esses dois jovens, quase todas as pessoas da sociedade ocidental (onde o casamento é uma escolha pessoal), já viveram o drama de um relacionamento rompido. A dor sempre estará lá, porém, a forma de vivê-la que encontra diversas formas de se manifestar.

O psicólogo Renato Souza explica que a dor advém do sentimento de perda de alguém e que as reações diversas acontecem de acordo com o nível dos relacionamentos e sentimentos. “Tudo depende do nível de sentimento que havia. A ruptura de alguém que amava e estava há muito tempo junto é bem diferente de outro que só viveu uma paixão momentânea, a maior dor das pessoas é de perder aquilo que o outro lhe oferecia de bom, o que na psicologia chamamos de reforçadores”, destaca.

Renato afirma que o sentimento é algo que não se escolhe, mas é preciso trabalhar a forma como é expresso, ele também ressalta que a angústia tanto de quem deixa, quanto de quem é deixado, advém das mudanças impostas por esta situação. “Toda mudança gera angústia. Quando existe uma mudança de casa, emprego ou cidade a ansiedade e angústia sempre aparecem, pois, algo diferente está por acontecer, assim ocorre com o fim dos relacionamentos, estar solteiro, se envolver com outra pessoa, ser deixado por alguém é uma nova situação, que gera medo do desconhecido”, pondera.

“Eu queria manter cada corte em carne viva
A minha dor em eterna exposição e sair nos jornais e na televisão
Só prá te enlouquecer até você me pedir perdão
Eu já ouvi 50 receitas prá te esquecer
Que só me lembram que nada vai resolver
Porque tudo, tudo me traz você
E eu já não tenho prá onde correr” (Leoni – 50 receitas)


Nádia começou namorar Fábio aos 18. Juntos há quatro anos, eles pensavam em casamento e já estavam com a data do noivado marcada para o aniversário dela. Estavam olhando apartamentos e acertando detalhes. Nádia sempre incentivou o namorado a estudar e ingressar em um curso superior, porém, quando isso aconteceu, Fábio conheceu outra pessoa e somando-se a um dia de desavença, que ela pediu um tempo, ele aproveitou o gancho para terminar o relacionamento definitivamente.

Passaram-se dois anos, e parece que a ferida continua aberta. Tudo lembra Fábio, as músicas, os restaurantes, as ruas, as datas comemorativas e mesmo que às vezes engate algum relacionamento, ela confessa que de noite chora de saudade do amor antigo.

Segundo Renato Souza, o fator de maior dificuldade para se superar uma separação é deixar pra trás as lembranças e a sensação de completude que o outro gerava. “Em muitos relacionamentos as pessoas ficam tão próximas e dependem tanto umas das outras, parece que elas perdem a capacidade de viverem sozinhas, a sensação é de ter sido roubada uma parte de si”, acredita.

Ele alerta que para esquecer alguém, o primeiro passo é partir do um desejo pessoal de cicatrizar a ferida aberta. “Mesmo doendo, mesmo com todo sofrimento é preciso tomar a decisão de superar, quanto maior o tempo que se demora para dar esse primeiro passo, mais tempo levará para a recuperação. Quando alguém cultiva muito tempo esse sofrimento, talvez não queira acreditar que chegou ao fim, pois alimenta esse sentimento e não aceita essa mudança”, alerta.

De acordo com Souza, um bom começo para esse processo de retomada da vida é fugir dos estímulos que lembrem o ex, pois, quanto menos houver a exposição desses elementos, mais rápido pode-se esquecer, ou seja, deixar de ouvir a música que marcou o relacionamento, não freqüentar locais onde possa haver um encontro, ou simplesmente parar de fuçar no facebook em busca de notícias, podem ajudar na superação.

Mas como ninguém, é um computador, programado para agir sem sentimentos, a recaída é um fator normal nesse processo e contar com o apoio dos amigos e familiares, sempre é uma boa idéia. Eles vão ouvir os lamentos, as mágoas e incentivar a seguir por um caminho que muitas vezes é obscurecido por tantas experiências negativas.


10 mandamentos para quem quer retomar a vida após o fim de um relacionamento

A jornalista Fabrícia Hamu, é formada pela UFG e mestre em Relações Internacionais pela Université de Liège (Bélgica). Todas as semanas ela escreve uma coluna voltada para as mulheres no site da rede Record “A Redação”. Hoje, ela dá dicas a quem terminou um relacionamento e precisa se reerguer.
Dez dicas para recomeçar com o pé direito:

1- Quem acabou foi o relacionamento amoroso, não a sua vida. É claro que o lado afetivo conta muito, mas a vida de uma pessoa não se resume a ele. Lembre-se que para ter equilíbrio é importante investir no lado profissional, familiar e nos seus interesses pessoais;
2- Evite reler antigos e-mails, bilhetes, cartões, rever vídeos, filmes, fuçar nas redes sociais do outro, enfim, resista à tentação de remexer no passado. A ruptura, por si só, já é dolorosa. Dispense os requintes de crueldade;
3- Muitas pessoas tendem a se fechar quando estão num relacionamento amoroso, esquecendo dos amigos e até dos parentes. Se esse for o seu caso, não tenha vergonha e reative os contatos antigos. Procure essas pessoas, peça desculpas pela ausência e mostre que as quer de volta para o seu convívio;
4- Não generalize. Nem todo mundo trai, nem todo mundo mente compulsivamente, nem todo mundo é indeciso. As pessoas são diferentes e é justamente aí que está a graça da coisa. Abra-se para o novo e se surpreenda com a vida;
5- Invista em algum hobby ou curso do seu interesse. Pode ser um esporte, um curso de língua estrangeira, uma aula de dança, ou qualquer outra atividade que você gostar. É uma ótima oportunidade de fazer novos contatos e espairecer;
6- Viaje. Sempre e, de preferência, para destinos ainda não conhecidos. É uma ótima maneira de conhecer pessoas e culturas diferentes, expandir os horizontes e arejar as ideias;
7- Mude a rotina. Vá a bares, restaurantes, pubs e shows diferentes do que costumava frequentar com o parceiro. Permita-se vivenciar novas opções de diversão;
8- Reforce sua autoestima. Cuide da saúde, melhore sua aparência, cubra-se de elogios e de ações que possam incentivá-lo a se sentir bem e seguro. Não se esqueça que as pessoas o veem como você se vê;
9- Invista em autoconhecimento. Se você não tem claro o que espera de um parceiro e de um relacionamento, se não sabe ao certo o que lhe faz alegre nem triste, procure ajuda psicológica. Você é o único responsável pela sua felicidade;
10- Tudo começa na mente. Por isso, espante os pensamentos negativos e obsessivos. Pensamentos positivos geram sentimentos agradáveis e construtivos

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